cada vez mais
sinto-me munido de diamantes
cujos clarões rebentam do peito e lançam ao mar
da mente
a verdade sobre as escamas
o sabor salgado
das lágrimas das rochas
que somos todos nós
nesta maré cheia de ilusões.
o canto solitário da orca
é o uivo emudecido da mãe orfã
assistindo ao filho ser arracado por predadores tão presas
não há cadeia alimentar
todos devoram a todos
dos hirudíneos aos martelos
o descontrole da fome é o mesmo.
a morte é um degelo.
os homens, icebergs
dez por cento visíveis à superfície
noventa soterrados, escondidos
nas escotilhas de sorrisos sem cálcio
a que preço?
eis a incumbência do aquecimento:
derreter a era glacial
congelada em cada espírito
há anos dormentes, sono de guerra
o cansaço de fuzis.
prefiro sangrar de olhos abertos
tateando por quês e portantos
a gozar na escuridão
que é onde enxergo tantos dos nossos
às gargalhadas, sem perceber os crânios por onde
vagueiam
seus pés encravados.
e de estaca a estaca
e de esterco a esterco
estorvamos o caminho em montanha ao reverso.
(os degraus das escadas são feitos com nossos próprios ossos).
quinta-feira, 14 de abril de 2011
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