viro criança outra vez
sujo de lama e sorriso
cabelo voando na praia
olharei as estrelas
do mar
na busca da terra encantada
domarei as grotescas
criaturas de terno e gravata
ah, eu gritarei aos pulmões
no meio do povo da missa
contra tudo e sem perder
jamais a ternura e a ironia
declarações de dependência
em meio a cartas cifradas
nas linhas de uma letra torta
tortadas nas caras fechadas
adoçar e colorir
pedir peito e chocolate
enfiar o dedo no cão que late
destruir rima de verso feioso
preciso nem mudar nome
nem de endereço
trabalhar pra ninguém
deitar e gozar no berço
trabalhar pra ninguém
deitar e gozar no berço
por isso acho que
até o próximo mês
eu viro criança outra vez.
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