Eu fotografava, primeiramente, no intuito de tocar, de alguma forma, o que minhas mãos desejavam caladas. Era a vida, e as pessoas que faziam dela morte. Tão imperfeitas, como eu e ela, dois pontos de interrogação entre orações coordenadas e descoordenadas. Era extrair água de tijolo. E guardá-la, na pasta, no computador, só por guardar. Manter seguro o que não acontecia. Porque o maior medo da humanidade é a mudança. O novo preocupa, enquanto o antigo - por já ser amigo - transpira confiança, estabilidade. Idiotice. O velho desgasta, envelhece, e é a novidade que recorda a vida de que a mesma ainda existe.
Naquela noite fria, esqueci a câmera. Meus dedos choravam a ausência da prótese, da lente que tateava. Estalei os dez, mais o pescoço, e deixei as divagações na chuva. Não posso remover o navio naufragado se a tripulação discorda. A maré sabe o que faz.
Os degradados degraus da escadaria que me levara ao constante trânsito buscavam deter meus passos. O engarrafamento em seus olhos freava o automotor existente em mim.
Voltei pra casa, a pé.
sábado, 2 de maio de 2009
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3 comentários:
Eu não gosto do novo também. Eu e a humanidade, rs.
Mudança assusta.
Beijo, menino.
eu gosto do novo! não me assusta! até pq vou fazer o novo ehehehe
eu gosto do novo, o que me assusta é não tê-lo! porém, claro que existe um certo receio, mas é um receio gostoso ^^
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