quinta-feira, 8 de julho de 2010

Para vossas almas; especialmente à minha.

O labirinto nunca estreitou tanto. Perdido em frio, ziguezagueando por linhas retas, quais metas, em que ponto finquei as solas, no solo, só. E a fraqueza que não permite passos longos, movimentos ágeis, decisões. Tudo machuca, por todos os lados, uma balsa atravessando a testa, sangue até o pé, escorre, escorre, forma a poça onde afundo, submerso. Tudo adoece, como com os de imunidade baixa, uma voz mais alterada, um roteiro preguiçoso, uma foto desfocada, resulta em febre e indisposição. O espírito a se espremer no corpo, como trabalhadores em transportes lotados, espaços preenchidos de dor, preocupações, por se arrebentar e escorrer, escorrer, pelo ralo inevitável da morte. Às baratas. Porque morrer é olhar-se no espelho íntimo, real, não o pedaço de matéria onde nossa suposta beleza se envaidece por horas a fio. Fios perfeitos, maquiagem impecável. Pra virar rato. Gigantescamente humildes. Porque se há algo a se aprender com um rato, é a humildade. Aprender a viver no esgoto como quem se bronzeia à beira de uma piscina luxuosa. Roer o mínimo. Mas não, a ambição de gavião voa mais alto, expandir novos horizontes em poucas horas, valer a pena, a vida tem que valer a pena, pena, sinto apenas pena, pois no fim não sobrará uma pena sequer de lembrança para os que ficarem. Desistam da tola ideia de ser alguém na vida. Reconhecimento. Trajetórias resumidas a papéis. Amarelados pelas estações. A essência do universo vagueia dentro de cada um, escalando tripas, aterrissando em pulmões, basta olhar ao inverso, verão claramente, como límpidas nuvens numa agradável tarde de verão.