terça-feira, 22 de agosto de 2017

baque e reboque.


pequeno caos nas ondas da noite
meu mapa do tempo embaralhado
perdidos cacos de mente
do cão que fui e me tornei
ouvistes meus uivos
o dilacerar do abdômen
a fera a morrer de medo
da selva, sua mãe.

carne cortada
consciência tomada
pelos monstros, meus filhos
se vi luz, era em ti
afastavas sombras
com o busto calmo
respiração de mar morno
enquanto fui só agitação
visitei o monte das pedras movediças
e morri só de pensar
em jamais sair.

saí, enfaixado
deitado na maca, mesmo em pé
atropelado pelo caminhão
e te agradeço, pelo caminho
mostrado e trilhado junto
por tentar entender o que
até pra mim é incompreensível.

deito-me, cansado
grato à Vida e seus grãos
de sabedoria,
ensinados,
mesmo em dor
sempre amparado
deito-me, amado
grato ao Sonho,
o meu amor
realizado.