quinta-feira, 14 de abril de 2011

lately.

cada vez mais
sinto-me munido de diamantes
cujos clarões rebentam do peito e lançam ao mar
da mente
a verdade sobre as escamas
o sabor salgado
das lágrimas das rochas
que somos todos nós
nesta maré cheia de ilusões.

o canto solitário da orca
é o uivo emudecido da mãe orfã
assistindo ao filho ser arracado por predadores tão presas
não há cadeia alimentar
todos devoram a todos
dos hirudíneos aos martelos
o descontrole da fome é o mesmo.

a morte é um degelo.

os homens, icebergs
dez por cento visíveis à superfície
noventa soterrados, escondidos
nas escotilhas de sorrisos sem cálcio
a que preço?
eis a incumbência do aquecimento:
derreter a era glacial
congelada em cada espírito
há anos dormentes, sono de guerra
o cansaço de fuzis.

prefiro sangrar de olhos abertos
tateando por quês e portantos
a gozar na escuridão
que é onde enxergo tantos dos nossos
às gargalhadas, sem perceber os crânios por onde
vagueiam
seus pés encravados.

e de estaca a estaca
e de esterco a esterco
estorvamos o caminho em montanha ao reverso.

(os degraus das escadas são feitos com nossos próprios ossos).

4 comentários:

Ary disse...

Demorou mas voltou com tudo, heim velho! XD

De onde surgiu a inspiração? Dos textos de Ana Veloso, dos temas que temos visto esse ano ou de outras inquietações? :/

Parabéns meu véi, Como sempre, o uso da metáfora e o conteúdo estão perfeitos.

Abraço! o/

Afense disse...

Esse foi mais denso que o de costume.
Tais ficando cada vez melhor nissaquê, bro!

Abrass

Márcio Danilo Almeida disse...

Como sempre, muito bom. Já já é hora de lançar um livro! Abraço, brother.

Alexa disse...

=D