sábado, 26 de novembro de 2016

teria o direito?

eu que leio os últimos jornais
eu que dirijo com segurança
eu que bato o pé e mordo
eu que lambo com gosto
eu que vibro na alegria
eu que encolho na tristeza
eu que peço menos gritos
eu que apago na claridade
eu que me obrigo a cumprir
eu que deixo por fazer
eu que mudei tua vida
eu que você não quis ver
eu que sinto tanto mar
eu que cedo meu corpo a estranhos
eu que vejo os desertos do inferno
eu que limpo a mobília da casa de Deus
eu que nunca mudarei de nome
eu que fui atirado nas covas como Daniel
eu que tateio as utopias de paz
eu que me torno violento,

teria o direito
de abraçar teu corpo
enxergar tua alma
amar espírito&pele
sem precisar me explicar?

(de dentro do teu quarto te observo dormir como nos primeiros dias de nossa estada no Paraíso de manhãs verdes e continentes agrupados pela sorte de existir o destino).

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