segunda-feira, 1 de abril de 2019

repentina tinta.


lapsos na cronologia
um tempo sem letras
postas neste papel fictício
escrevi na mente
nos meus olhos quando te via
sorrir como se eu fosse 
a pessoa mais linda do mundo
tantas poesias fiz
sem digitar caracteres 
em silêncio, livros inteiros
ninguém lerá, exceto tu 
nenhuma roda literária
exceto o círculo da tua alma
bailarina, que rima com qualquer
verso nos sonetos do meu amor
é bonito saber que, em todo o
mundo, essas palavras 
nunca foram ditas
essas letras 
nunca escritas
eu tenho certeza
talvez no outro lado
do universo,
nas nuvens de magalhães,
outro pedaço de criatura
ecoe minhas palavras
como um espelho repete nossos corpos
talvez a gente acorde de repente
em novos campos de água-doce
livres do susto constante
de viver no mundo de
pânico e circo 
talvez a gente se lembre
e ria como idosos saudosos
de como caminhamos leves
mortos de saudade 
de um futuro incerto, perto 
mais de ilusão que 
materialidade
tudo muda
um dia seremos pensamentos
daqueles que virão
onde estaremos, meu amor?
não há como saber
não hoje
mas hoje o amor no peito
é suficiente
para camuflar o desamparo 
nos nossos DNAs. 

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