quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

tolos

oscilantes corações
intérpretes de uma vida seriada
buscam hoje paz
capaz de desarmar a bomba
existente em cada mente humana.

aprendi a apreender lágrimas.

os últimas dias,
tortuosos como a vida há de ser,
me fizeram chorar as dores dos grãos de areia do fundo do mar
o abdômen retorcido
a angústia como um feto
já chorando pela liberdade ainda distante
até o lento aborto
nossos sorrisos novamente em sintonia.

rezei toda a minha fé
ninguém teme tanto o fim desse amor quanto eu
talvez só ela
cuja paixão continua latente como novo-amor
e vibra
tímpanos, pescoços molhados
por que nada é perfeito?
e se a ideia de perfeição inexiste
por que a buscamos, assim, utopicamete?
o sofrimento é a perfeição terrestre
da lama faz-se o rio
límpido e fluente, lembrança da infância
e dói me constatar que

nenhuma criança rói unha
nenhuma
nenhuma enxaqueca é mais que mero cansaço físico
nenhuma

há fases na vida que vida é o que menos há
ao tornamo-nos adultos, parecemos regridir ao ventre materno
inseguro, no entanto
sem cordão umbilical
nos perdemos em avenidas sinalizadas
e algo, alguém, não entendo bem, alguma coisa parece torcer por nossas quedas
algum desejo vingativo, dívidas passadas
não entendo bem
apenas sei
derrubam-nos diariamente sem que percebamos
vidrados na matéria, esquecemos a essência
invisível
a catástrofe existencial não terá fim
humano algum encontrará felicidade plena enquanto seus desejos resumirem-se aos materiais
buscamos resposta no outro, quando o outro também é inundado de indagações
então divorciamos, discutimos
a família, brevemente, habitará os museus
livros de história
ossificados

what will be proved?
ain't no life
never had.

2 comentários:

Luiza Judice disse...

Nossa, menino Alex...

você some mas, quando volta, volta assim, escrevendo cada vez melhor.

Não pára, não.
Beijos

Afense disse...

isso é um puto!
é quando eu leio os seus textos que eu vejo o caminho longo que eu tenho pela frente!
sou teu fã!
hauhauhauahuha