quinta-feira, 20 de julho de 2017

de mim

às vezes é bom
ouvir o lago numa tarde sem vento
sem medo olhar o espelho
sem medo sentir a noite
banhar o corpo nu
sinto falta da solidão
de quando compartilhávamos apenas
natureza e um riscado de céu
o cheiro da luz
que vinha do gás
sonhos sobre tantos
modos de dizer não
pedimos por voz
gritamos por vez
hoje ninguém se escuta
estas minhas sílabas
virarão caracteres
e se perderão como folhas
de um bosque chuvoso.

quanto tempo, na última semana
permiti à minha essência
criar?
obrigações têm me roubado
as horas, moderno jeito de
sobreviver a trancos e barrancos
ontem um barraco pegou fogo
madeira que era tronco
raízes despedaçadas
suicídios nos jornais, diários
nada conforta
e mesmo assim acatamos
escrituras sagradas mortais.

universo
universo
meus versos nada têm
mas te oferto
para um dia, deitado
no infinito dos
teus braços
não mais
eu temer
o deserto.

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