domingo, 10 de maio de 2009

Ta-ta-talkin'

Gustavo e eu conversávamos sobre impressões. Estética, posições, tudo é julgado, somos sempre julgados - e juízes. E era esse o maior fardo do interiorano: ser julgado por apenas ser. Por vestir a camisa, usar os óculos, citar Foucault. Constantemente estereotipado, mas nunca conhecido. Ninguém o conhecia. Mas alguém conhece, plenamente, um outro alguém? O convívio nos dá ideias. Inúmeras reais, outras nem tanto. Visão de raio-x é limitada ao organismo. Nunca nos conheceremos por completo. Há sempre algo omitido, um pensamento, um olhar, um sonhar, um lamento. E o motivo de não exteriorizarmos tais sentimentos não interessa (a ninguém). Cada um sabe o porquê. Emitir, às vezes, é desnecessário. E nem por isso podemos ser considerados introspectivos, desconfiados. Somos humanos. E isso deveria bastar. Entre cigarros e presságios de chuva, Gustavo repetia a vontade de entender as mulheres. A capacidade de dizimar, com um "não.", corações e genitais alheios - de uma só vez - é admirável, dizia ele. De acordo, ri e defendi a impossibilidade da compreensão, novamente. "Pergunta se Tom Cruise, mesmo após tantas missões impossíveis, entende Katie Holmes", brinquei. E defendi, me despedindo, o mistério. É da dúvida que vem a beleza humana. O questionar-se alimenta os pés. Necessitamos de resultados, obviamente, mas é a constante interrogação que nos faz refletir e, consequentemente, evoluir.

Porque no dia da clareza, do entendimento pleno, a vida não mais essência terá.

2 comentários:

Gabriela Alcântara disse...

a graça são os mistéryos

Lorena Tabosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.