sexta-feira, 11 de setembro de 2009

No retorno do trabalho, um cão. Sem força nos membros inferiores, impossibilatado de locomover-se na avenida, onde suplicava, em uivos, por socorro. Eu era o cão. Ao entrar na casa, me vi inerte, dolorido, alvo de um veículo desgovernado. A colisão. Senti o peso nas faces, mais no peito. O para-choque abrindo o tórax, os faróis.

Que culpa tive se os olhos viram o indesejável? Erro ao definir indesejado aquilo visto? A mente asfixia.

O sossego obstruído por palavras que despedaçaram-me por inteiro. Es tou em pe da ços. Sangue estagnado, não sinto o fluxo nas veias, olhos enegrecidos pela noite irreparável. Vazio. Não vazio, porque a dor preenche. Angustiamente cheio, precisando expelir, purgar estas dúvidas e receios que me rodeiam. Alacridade demolida, o corpo em escombros. Preciso enfrear-me quando o chão faltar aos pés, dosar a virulência da aflição, gota por gota. Viver exige esse controle: não se perder nas variáveis.

(pero los pies duelen).

Um comentário:

Diego Blues disse...

É o mais dificil não se perder nas variáves.

ta se garantindo cada vez mais