terça-feira, 8 de setembro de 2009

sentido.

em casa, em cômodos diferentes
é mesmo que transitar

sem a mão que segura
o corpo de cair.

minhas vértebras estilhaçaram
ao som dos mosquitos
enquanto ouvi os passos da madruga urgente
cheia de expectativas
penetrar o quarto apagado
o peito estremeceu, conciso em pingos de suor solitário
trator em declive
a porta não se movia.

os trovões dentro da mente
rememorando a presença de Dira
no quarto ao lado
separados por um pedaço de madeira
e de chão
não senti nada por minutos, exceto as amígdalas
inflamadas de pus e paixão
quanto ardor!
mas a porta continuava intacta.

sentado na cama, esbocei um choro desesperado
porém mantive a seca nos olhos
mentira, chorei certos segundos
o cabelo ainda úmido do banho
tentava esfriar o couro em chamas
a vontade quase incontrolável de invadir o quarto
onde ela dormia com a irmã
esmurrei o travesseiro que ria de mim
junto com a porta, ainda fechada.

pela janela, um vento frio e oco
a lua desaparecida
eu, mais uma vez deitado, lutava contra os impulsos
que se digladiavam nas entranhas
a suculência
o aroma dos cachos
a saliva alucinógena
todos ingredientes para a inquietação noturna
o remédio
eu anseava pelo remédio; Dira, o antídoto amorenado
minha musculatura enfraquecida, cedendo ao cansaço
da espera
quanta espera?
quanto esperaria?
e quando tentei não mais esperar, de olhos ainda abertos
ouvi

a maçaneta.

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