segunda-feira, 8 de novembro de 2010

from guts.

Não me compreenderiam. Mantêm-se ocupados na perquirição de ácidos mais intensos, distraídos em subornadas orgias físicas e psicológicas permitidas para menores de dezoito anos. Minha ínsita tendência à solidão desperta dedos-juízes, de esquizofrênico a maníaco-depressivo, a lista de apostas é grande. Inacreditável esse vício das pessoas, ou mecanismo de defesa, em apontar doenças aos outros cujas diferenças causam repulsa às suas eufonias particulares, como se ter câncer fosse mais indigno do que se masturbar às custas da infâmia corporal sofrida por milhares de mulheres rendidas ao universo da prostituição, por exemplo. E não são apenas vídeos eróticos; é o registro de uma realidade quebrantada pela consumpção moral da sociedade democrático-excludente por onde ainda nos rastejamos. Sim, também pertenço à universal categoria dos que julgam, no entanto assumo minha criminalidade de olhos inchados e envergonhados, em busca do póstero estado de perfeição anímica pelo qual todos vivem, mesmo inconscientemente. Há de se respeitar os variáveis estágios evolutivos de cada ser, contudo é impossível deter um vômito.

A entorpecida cólera ativa-se em diarréia de reflexões e sentimentos transferidos para um pedaço de papel virtual de restritíssimo alcance, não me entrego, não enquanto caminhar; perseguirei a lucidez em indecifráveis micróbios, o microscópio da vida sempre a postos, no ônibus, no filme, na esmola negada, na irritação sem aparente motivo. Sigo a guerrilha na tentativa de decalcar Gandhi, ler os tão-desconhecidos olhos de Jesus, longe de nobre posição, o ápice não é meta para o amanhã; incontáveis etapas gritam ultrapassagem. A facilidade não transpõe o estágio de palavra, inexiste neste mundo, coarctado e lôbrego mundo cujas crias se anavalham entre si numa indomável azia global que desvirgina, como resultado, valores fundamentais ao passo contínuo e anódino. Fraqueja o estômago, os pés porfiam com o terreno custoso e abrem-se os portões aos pensamentos movediços; todo homem é um homem-bomba. Que tem, porém, a oportunidade de ser coroado com muitos mais do que 72 virgens, se acionar o botão do conhecimento em defesa da vida. Em quantas mãos a educação é manejada afetuosamente? Quantas nações fatiam sabedoria de mentes puras? Independente de crenças, discrepâncias políticas, língua nativa ou cor, nós precisamos saber. Eles precisam saber.

2 comentários:

Pâмєℓℓα Vαsconceℓos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Madre disse...

Poeta.....voce está muito inspirado...."ler os tão-desconhecidos olhos de Jesus..." .
Perfeito e lindo.
Bjs