terça-feira, 2 de novembro de 2010

anotações - madrugada de 3 de novembro de 2010

" Os hóspedes ressonam o dia mais espremido do ano nos quartos, busco apagar os cigarros intermitentes mas fracasso, a fumaça de sempre. Hoje sentei no terraço e puxei uma cadeira para Deus. Pude sentir um ardor na garganta, ao duvidar sua existência primordial, porque naquela cadeira Ele não estava, porém uma de suas células parecera vibrar diante de meus olhos, minúscula e quase imperceptível, era uma pequenina flâmula invisível que me fez suspender a cabeça para trás, o frio do inferno queima, as toalhas jogadas ao longo da semana, desistir nunca foi uma escolha, muro após muro aprendi a me reerguer, a vacina mirava-me flutuante e, em frações de segundo, senti seu remédio no centro da testa. Está aqui, o ponto que indica: o incompreensível."


" Meia noite e meia, o abafado do quarto me impede de progredir o texto preterido. Oscilações continuam constantes no núcleo espiritual, a nuca como um imã de angústias, permanecem as vontades. De gritar, de sumir, de esgotar até o limite as profundidades humanas. Resta-me deitar; en sueños yo puedo alzar vuelo sin gasolina."


"Direções não faltam; o que me escapa é o controle do transporte."


"Em uma única interrogação residem centenas de sangrias. Em uma simples resposta, o estancamento."


"De todos os homens do universo, espelho-me apenas naquele cujos pensamentos o direcionam à luz do esclarecimento, pois quem segue exterminadores da elucidação vagará pelas trevas da ignorância aos risos, achando-se afortunado, e cairá, inevitavelmente, em abismo de demorada reparação."


"Ontem, o erro. Hoje, a conscientização. Amanhã, o passado."

Um comentário:

Madre disse...

Belissimo. Puxe sempre uma cadeira para Deus.....Ele estará sempre presente.
Bjs Poeta.