segunda-feira, 4 de julho de 2016

registroati.

Nestes colares artesanais de palavras, meus dedos se pudessem borrifariam o perfume que você mais gosta em cada vírgula, cafuneariam os parênteses para se transformarem em almofadas aos teus cabelos cor de acerola. Debaixo de uma cachoeira, um dia, senti teu colo que eu só conheceria mais tarde, a me acarinhar as panturrilhas com as digitais mais amorosas. Há tempos percebi teus passos, teus pés que pisavam num terreno com cercas, teus pés que corriam, mas não voavam. Há tempos, à distância, vi a águia dentro do teu peito repousar à espera de vento. Trouxe-te um vendaval. Abri também em mim os janelões da liberdade, aquela batizada longe de templos e condomínios. Para te contemplar por inteira, reluzindo desejo de nascer de novo (porque, na vida, há inúmeras placentas).

Recomeço a partir de um reencontro. Já vivemos tudo isso? Talvez já caminhamos pelo centro do Recife de antigamente. Talvez perdi o emprego, quando a guerra nos dividiu em continentes. Quem sabe não corri, escravo, atrás dessa índia de olhos amendoados? Podemos ser nós, por que não, personagens de algum livro que desconhecemos. Nosso passado guardado nas bibliotecas. Abençoados os que esquecem, pois desfrutam do prazer de imaginar.

Numa vida de tantas notas, escritos, reportagens e postagens para outros verem, apenas uma narrativa pulsa como nenhuma outra. A escrita com os caracteres da alma, que alguns chamam de o maior sentimento habitante da humanidade. Ao amor, um texto não basta. Ao amor, uma vida não basta.

Um comentário:

Unknown disse...

Te amo, Meu poeta💜