quinta-feira, 26 de março de 2009

O texto mentiroso

O funambulismo que é te ver
instável, sem chão
fez do desequilíbrio minha rotina
descortinada, apenas, nas madrugadas de sangue
que é quando as angústias tornam-se rios
salgados de dor, da inércia
da completa ausência de sons e movimentos

Porque eu falo, mas sou mudo
que apenas profere futilidades
sobre o show perdido
ou o assunto da prova
mas o assunto martirizante
cuja prova sei de cor
não vem à tona

Quanta tempestade, meu Pai, faço dessa goteira
é só deixar as cordas vocais trabalharem, instruídas pelo peito
Grita, coração sem alma!, estronda o mundo com teu fervor congelado

Eis, aí, a dificuldade extrema
Porque o último filme de Eastwood discuto com segurança
Comicidades diárias, comento brincando
A boca, entretanto, se auto-costura
quando, da mente, frases com teu nome ameaçam fugir do meu controle
o túnel é interditado.

Ainda tento, com os olhos, expressar o indizível
Sem resultados; retina estúpida!
O que me resta? Me resta a vida
a ser vivida amarguradamente
sem tua epiderme na minha

Descarrega, morena, o revólver no meu peito
sem dó, sem hesitar.
Em seguida o abra e, atenta, recolha o bombardeante músculo
e guarde, morena
porque, um dia, ele te conta
por quem ele insistia em bater.

2 comentários:

Gabriela Alcântara disse...

ah o preço das verdades não ditas...

Érica de Paula disse...

Alexandre tu és um poeta?? =O

adorei. ;)