quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

um servo.

Minha existência está por acabar
sinto necessidades hospitalares
urgentes,
como as chamas do prédio que oram águas
para agora, o tempo perdido
vencido pelo cansaço
para onde acelerar?
a tentativa de despreender-se dos vícios
o desejo de desbravar o planeta,
enquanto o miúdo universo interior degladeia-se com todas as forças
a mão estendida
que escreve mirando respostas, ajuda
sinto-me mais febril que nunca
quando direciono a mente a ela
aos medos compartilhados
palpites imaturos de como dormiremos no amanhã
quando a cama de hoje mantém-se desforrada
insone
a salutar luta em
ser servil
praticar a genuflexão, mesmo amputado
ter a consciência de que
os deuses estão do nosso lado
aqui
não é necessário fechar os olhos
abram, olhem!, são todos divindades
em progresso
em busca de uma felicidade errônea
por isso enaltecendo valores sem valor
o amor dos sonhos
completar-se como, se a moeda de troca é incompleta?
o troco das paixões
poucos amam devidamente
sem apegos lancinantes
expectativas impraticáveis de que o outro seja seu salvador
dali não se desgarrando
e afundam ambos para além do buraco
porque o abismo é inevitável
mas há os que caem e os que afundam
que tornam o solo, por mais viçojo, movediço
em um só pensar.

e eu ainda penso em nós, se realmente
evoluimos com as tundas constantes
ou lapidamos nossas tumbas
num caminho direto ao cataclismo espiritual
será, morena?
que o que eu te sirvo
não serve para nada?
são, minhas palavras, apenas do paladar
e não das veias imaginárias
que percorrem minha alma?
se, em sonho ou intervenção divina, Deus sentasse conosco
e me aconselhasse afastamento
eu seria o primeiro
a partir nosso abraço.

2 comentários:

Felipe Bezerra disse...

Ficou roxedo. Não sei porque achei semelhante a mim rs

Diego Blues disse...

puts fiquei sem palavras