quinta-feira, 4 de agosto de 2016

papéis com tinta de caneta.

mordeu os cacos
de vidro das garrafas
atiradas na parede de ontem
a crocância em estalos
nas gengivas
e engoliu
como quem fecha
os olhos e tapa
os ouvidos.

eram nove e meia
quando tirou a camisa
e deitou com as costas
beijando o chão
azulejos e músculos
no jornal da noite,
as notícias de ontem
na radiola da vida
uma agulha quebrada.

perto da meia-noite
quando matou leões
e expôs a carcaça
no salão de festas
monstruosidades
brindadas a drinques
não há mais espanto
no dicionário humano.


Nenhum comentário: