domingo, 8 de fevereiro de 2009

Huge Joy.

Surreal. É, talvez, a palavra mais adequada ao show de Little Joy, em Recife, no último sábado (07). Se testemunhar Rodrigo Amarante e Fabrizio Moretti dividindo um palco de maneira tão íntima já seria algo inimaginável há alguns anos, presenciar o inesperado final da apresentação no teatro da UFPE foi, realmente, memorável. Já chego lá; comecemos do começo.

Cheguei ao teatro por volta das 19:30 e me direcionei à pequena fila que havia sido formada na entrada do local (os portões abririam às 21). Esporadicamente, os seguranças, por razões desconhecidas, entreabriam os portões que dão para o palco(onde a banda passava o som), causando delírio nas fãs mais 'entusiasmadas'. Era o prenúncio. Sem largos atrasos, liberaram a entrada dos espectadores e a ânsia pelo lugar mais perto do palco aos poucos foi se acalmando e os milhares acomodaram-se em minutos. Conhecedor da "política" do teatro e de seus frequentadores, sentei numa cadeira lateral às demais - mais próxima à escada -, pois tinha ciência que, ao apagar das luzes, não teria essa de ficar sentadinho. Não deu outra. Bastou escurecer o recinto e a banda subir ao palco para que algumas dezenas de pessoas se alojassem - sentadas, agachadas, ajoelhadas - ao pedaço de chão mais próximo do palco.

Mesmo abrindo o show com a pacífica "Play The Part", o êxtase presente nas poltronas não atenuou um segundo sequer e a platéia acompanhou Amarante mais aos gritos do que com a letra em si. Ao término de "The Next Time Around" - ou "How to Hang a Warhol", não lembro bem -, Moretti proferiu: "Esse, infelizmente, é o último show da banda. Portanto, quem quiser cantar, dançar, subir no palco com a gente...", e foi interrompido pela agitação que preludiava o porvir. "Calma, calma. Deixa a gente tocar algumas músicas e depois...", prometeu Moretti. Em "No One's Better Sake", Fabrizio chamou uma garota que vestia uma camisa da banda, cujo logotipo ela mesma tinha confeccionado. A menina permaneceu durante a música no palco, cantando ao lado de Fabrizio. No final, após cumprimentar todos da banda, tornou - meio desnorteada - ao posto de espectador. Já com o público de pé, o grupo continuou a apresentação com a encantadora "Unattainable", que me fez ter vontade de invadir o palco, encapuzar Binki Shapiro e levá-la pra casa. Me contive. Antes de "Don't Watch Me Dancing", um rapaz na platéia gritou STROOOOKES, PORRA! Educadamente, Fabrizio questionou "what about Little Joy, man?". Doce como de costume, Amarante riu e afirmou: "veio pro show errado, cara". Já tinha valido o ingresso. Entre músicas novas, um cover e as restantes do cd, a banda se despediu. Mas ainda faltavam duas. Após uns minutos, Amarante volta ao palco para, sozinho, cantar "Evaporar", com um coro quase pleno. Emocionante.

Os demais integrantes retornam e penso: "porra, é agora". Só restava "Brand New Start" e, se Moretti mantivesse a promessa, a hora de subir no palco tinha chegado. É quando o "stroke" pega o microfone e diz: "Bem, essa é nossa última canção. A gente agradece a presença de vocês e quem quiser dançar, subir pra dançar com a gente...peraí, peraí... fodeu". Em segundos, o palco foi tomado por inúmeros fãs da banda (inclusive pelo que vos escreve). Seria tudo sensacional se fãs adolescentes histéricas não tentassem, de qualquer modo, tocar, beijar, arrancar, puxar os integrantes (leia-se Amarante e Moretti) da banda. Amarante tentava salvar o equipamente dos pés incontroláveis das fãs e Moretti, apesar do frenesi, iniciou "Brand New Start", posteriormente assumida por Amarante; porém, sempre interrompida pelo empurra-empurra dos seguranças vs fãs. Uma pena, já que não deu pra desfrutar completamente de uma das melhores músicas do cd. Os seguranças (da banda ou do teatro, não sei) extrapolaram na rigidez física, já que a maioria presente eram adolescentes alucinadas. Estavam realizando seus trabalhos, claro. No entanto, poderiam suavizar nos empurrões e gritos de "SAI DAQUI, PORRA!". Enfim, elementos que abrilhantaram o final de show mais bizarrro presenciado por meu ser. Nem o mais utópico dos fãs julgaria ser possível o que aconteceu no fim da apresentação. Infelizmente, a falta de civilidade de alguns (ou melhor, de algumas) não permitiu o melhor dos desfechos. Mas nada que tire o esplendor de um dos melhores shows da minha vida.

Ah, se toda pequena diversão fosse tão grandiosa...



ps: foto by Aline. :)

4 comentários:

Luiza Judice disse...

Ai, Alex.
Quase chorei lendo isso.

Me arrependi de não ter ido vê-los aqui em São Paulo.
Mas mesmo se tivesse ido, não teria presenciado cena tão linda que deve ter sido essa...

laís sampaio disse...

por que tu é assim, hein? :~

Unknown disse...

queria ter presenciado isso também...fico a escutar o cd somente

Felipe Bezerra disse...

Foi um dos melhores shows que já fui. Me senti bem lá. Muito massa